Cerca de 40 pessoas, entre trabalhadores, figuras do hip-hop da cidade,
estudantes universitários e secundaristas, compareceram na atividade construída
pelo Ponto de Cultura ‘Pedra no Sapato’, pela LER-QI Franca, pelo Coletivo Angá
e Juventude ‘Às Ruas’ nessa Quarta (22/08) para debater a questão negra a
partir da exibição do filme “Os Panteras Negras”.
Depois de assistir o
filme, que em suas cenas resgata a organização e a resistência dos negros nas
periferias norte americanas durante a década de 60 e 70, houve um entusiasmante
debate com os presentes sobre as impressões do filme. Ao longo da discussão os
presentes destacaram que, infelizmente, mesmo depois de tantos anos a população
negra segue sofrendo com o racismo e com as condições de miséria e violência
policial. Inclusive, foi lembrado o recente caso onde 44 operários negros, que
estavam em greve, foram mortos pela polícia na África do Sul.
No Brasil, os
negros, sobretudo, as mulheres negras, seguem sendo os que recebem os menores
salários e ocupando os empregos mais precários. Também são os negros as maiores
vítimas da violência da polícia. Essa instituição à serviço dos ricos segue
levando em frente um verdadeiro genocídio contra os negros e os pobres nas
periferias e favelas do país. Além disso, nosso país conta com a terceira maior
população carcerária do mundo, e lamentavelmente os negros seguem sendo a
maioria, pois é fundamental para a burguesia branca racista manter o controle
social da pobreza.
Nesse sentido, L, sapateiro e militante da LER-QI, iniciou a discussão
dizendo que “o filme mostrava que a única resposta para acabar com esse sistema
racista e opressor é a luta e a organização dos próprios explorados e
oprimidos”. Isso fica bastante claro quando vemos o fracasso das tímidas
medidas do governo brasileiro e dos partidos patronais para combater o racismo.
Mesmo com essas medidas, os negros brasileiros seguem sendo exterminados pela
polícia, que só no Estado de São Paulo mata cerca de 400 pessoas anualmente,
seguem trabalhando em situações precárias e impedidos de entrar na universidade
pública, já que, como lembraram os próprios estudantes presentes, o vestibular
é um filtro social e racista que impede que os trabalhadores e povo pobre, que
são os que justamente mantêm a universidade com seus impostos, possam desfrutar
de um ensino superior de qualidade.
Por isso mesmo, Thiagão,
militante da LER-QI e do movimento negro, ressaltou “a importância da
independência de classe na luta dos negros”. Ou seja, a povo negro não deve
confiar nos partidos e organizações da burguesia e no Estado capitalista para
combater o racismo. Apenas a auto-organização dos próprios negros, aliado aos
trabalhadores brancos e ao conjunto do povo pobre, pode dar uma resposta a esse
sistema que só nos reserva miséria e repressão.
O debate ainda contou com a participação e a intervenção direta de
muitos jovens e trabalhadores que, em geral, destacaram a importância da
atividade e principalmente a necessidade de procurar cada vez mais estudar a
nossa própria história, que, apesar da burguesia fazer de tudo para que
esqueçamos, é repleta de exemplos de resistência contra a opressão e a
exploração. Justamente por isso, Dú, do ponto de cultura pedra no sapato, fez
questão de resgatar sinteticamente a história do Hip e Hop e principalmente falar
da importância dos próprios Panteras Negras na formação do movimento. Ao
final, todos saíram com a vontade de repetir a experiência da atividade e
conseguir alcançar cada vez mais um número maior de pessoas. Mostrando aos
jovens e aos trabalhadores de Franca que podemos sim nos organizar e lutar
contra a violência dos patrões, do Estado e de sua polícia racista.
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