quinta-feira, 23 de agosto de 2012

IMPORTANTE ATIVIDADE DE DISCUSSÃO SOBRE A QUESTÃO NEGRA EM FRANCA



Cerca de 40 pessoas, entre trabalhadores, figuras do hip-hop da cidade, estudantes universitários e secundaristas, compareceram na atividade construída pelo Ponto de Cultura ‘Pedra no Sapato’, pela LER-QI Franca, pelo Coletivo Angá e Juventude ‘Às Ruas’ nessa Quarta (22/08) para debater a questão negra a partir da exibição do filme “Os Panteras Negras”.
            Depois de assistir o filme, que em suas cenas resgata a organização e a resistência dos negros nas periferias norte americanas durante a década de 60 e 70, houve um entusiasmante debate com os presentes sobre as impressões do filme. Ao longo da discussão os presentes destacaram que, infelizmente, mesmo depois de tantos anos a população negra segue sofrendo com o racismo e com as condições de miséria e violência policial. Inclusive, foi lembrado o recente caso onde 44 operários negros, que estavam em greve, foram mortos pela polícia na África do Sul.
             No Brasil, os negros, sobretudo, as mulheres negras, seguem sendo os que recebem os menores salários e ocupando os empregos mais precários. Também são os negros as maiores vítimas da violência da polícia. Essa instituição à serviço dos ricos segue levando em frente um verdadeiro genocídio contra os negros e os pobres nas periferias e favelas do país. Além disso, nosso país conta com a terceira maior população carcerária do mundo, e lamentavelmente os negros seguem sendo a maioria, pois é fundamental para a burguesia branca racista manter o controle social da pobreza.

Nesse sentido, L, sapateiro e militante da LER-QI, iniciou a discussão dizendo que “o filme mostrava que a única resposta para acabar com esse sistema racista e opressor é a luta e a organização dos próprios explorados e oprimidos”. Isso fica bastante claro quando vemos o fracasso das tímidas medidas do governo brasileiro e dos partidos patronais para combater o racismo. Mesmo com essas medidas, os negros brasileiros seguem sendo exterminados pela polícia, que só no Estado de São Paulo mata cerca de 400 pessoas anualmente, seguem trabalhando em situações precárias e impedidos de entrar na universidade pública, já que, como lembraram os próprios estudantes presentes, o vestibular é um filtro social e racista que impede que os trabalhadores e povo pobre, que são os que justamente mantêm a universidade com seus impostos, possam desfrutar de um ensino superior de qualidade.
            Por isso mesmo, Thiagão, militante da LER-QI e do movimento negro, ressaltou “a importância da independência de classe na luta dos negros”. Ou seja, a povo negro não deve confiar nos partidos e organizações da burguesia e no Estado capitalista para combater o racismo. Apenas a auto-organização dos próprios negros, aliado aos trabalhadores brancos e ao conjunto do povo pobre, pode dar uma resposta a esse sistema que só nos reserva miséria e repressão.

O debate ainda contou com a participação e a intervenção direta de muitos jovens e trabalhadores que, em geral, destacaram a importância da atividade e principalmente a necessidade de procurar cada vez mais estudar a nossa própria história, que, apesar da burguesia fazer de tudo para que esqueçamos, é repleta de exemplos de resistência contra a opressão e a exploração. Justamente por isso, Dú, do ponto de cultura pedra no sapato, fez questão de resgatar sinteticamente a história do Hip e Hop e principalmente falar da importância dos próprios Panteras Negras na formação do movimento.  Ao final, todos saíram com a vontade de repetir a experiência da atividade e conseguir alcançar cada vez mais um número maior de pessoas. Mostrando aos jovens e aos trabalhadores de Franca que podemos sim nos organizar e lutar contra a violência dos patrões, do Estado e de sua polícia racista.


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