O Comércio da
Franca, um “boletim informativo” da patronal calçadista que se auto-proclama
um Jornal, publicou ontem (24/08) uma reportagem sobre os “pancadões” do
distrito industrial. Com o tom reacionário que lhe é peculiar, a reportagem do
Comércio da Franca, que frequentemente estampa em suas páginas sociais os
bacanais da decrépita burguesia francana, despejou um amontoado de
conservadorismo e moralismo contra os espaços de confraternização da juventude
trabalhadora e pobre de Franca.
Com um tremendo esforço para esconder seu desprezo pela
periferia e pelo povo trabalhador, a reportagem do Comércio da Franca, com uma
indignação e moralismo dignos da Igreja Medieval, descreve assim o “pancadão”:
“A venda de bebidas alcoólicas não é controlada e o consumo
de drogas é explícito. As meninas ficam seminuas, há brigas, sons estridentes,
menores de idade e vistas grossas da polícia a tudo que se passa ali.”
Numa cidade onde a juventude é privada do acesso ao
lazer, à cultura e à educação e desde muito cedo aprende que metade de sua vida
deve se passar em frente a uma máquina, num galpão quente, para ganhar um péssimo
salário e enriquecer algum dono de fábrica, essa falsa “imprensa” clama para
que o Estado e seus órgãos de repressão eliminem os espaços de confraternização
dos jovens. Uma imprensa tão conivente com as indecências do Senado Federal,
omissa frente a falta de políticas públicas para a juventude, mas sempre ativa
na condenação aos pobres.
Por que será que o Comércio da Franca não comenta em sua
linha editorial a indecência de aumento salarial que os patrões das fábricas de
Franca pretendem dar aos operários da cidade? Por que não comentam sobre os abusivos
preços do cinema de Franca? Por que não mencionam a indecente tarifa de
transporte público que, com seus incessantes aumentos, cada vez mais impede a
juventude de se locomover pela cidade? Por que não denunciam as “vistas grossas”
da prefeitura do PSDB e da câmara de vereadores diante da falta de saúde, educação e espaços de
lazer para o povo da periferia de Franca?
Para esses senhores, saudosistas da época em que se resolviam
as coisas com chicote e pelourinho, o único setor do Estado que deve funcionar é
a polícia. Sim, a mesma instituição que, em Outubro do ano passado, assassinou
um jovem francano de 17 anos. Para esses hipócritas “formadores de opinião” a
festas espontâneas da juventude devem ser tratadas como caso de polícia.
É preciso fugir dessa armadilha ideológica
que a imprensa conservadora francana criou. Querem jogar os trabalhadores
francanos contra seus próprios filhos. Os jovens não necessitam de moralismo e
nem de repressão. Queremos a polícia bem longe da juventude de Franca. Os
mesmos jovens que já causam pavor para os ricos donos do Comércio da Franca
devem se organizar e lutar por uma educação pública de qualidade (instrumentos
fundamentais para proporcionar uma melhor educação sexual e auxiliar no combate
ao machismo), exigir que o Estado disponibilize salas de teatro e cinema
gratuitos nos bairros mais populosos da periferia de Franca (Aeroporto e
Leporace), cursos de música e pintura gratuitos, quadras e materiais esportivos
nos bairros e também garantir o passe-livre nos ônibus circulares para todos os
estudantes. Apenas com luta e organização, sem qualquer comprometimento
político com os partidos tradicionais da burguesia (PSDB, DEM, PP, PV e
PT etc) os jovens trabalhadores de Franca poderão arrancar essas conquistas.
Vamos à luta!
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