Operários de Belo Monte completam 30 dias presos e comissão de
sindicalistas retorna à Altamira
* Retirado da página da CSP-Conlutas
Nesta quarta-feira (12), os cinco operários presos
em decorrência de conflitos trabalhistas nos canteiros de obras de Belo Monte
irão completar 30 dias em reclusão no município de Altamira, região sudoeste do
Pará. Os trabalhadores são acusados pela Polícia Civil de praticar crimes de
formação de quadrilha, incêndio e depredação do patrimônio.
Para a advogada da
Central Sindical e Popular – Conlutas Anacely Rodrigues, os trabalhadores estão
presos injustamente. “São acusados sem provas por crimes que não cometeram”,
afirma. A situação processual dos presos de Belo Monte permanece quase inalterada,
não fosse o pedido de habeas corpus impetrado no Tribunal de Justiça do Estado,
para o qual o desfecho é aguardado para este dia 11. O inquérito policial, cujo
início foi dia 12/11, esteve paralisado no Fórum de Altamira pro causa de
problemas técnicos no sistema e seguiu para o Ministério Público apresentar
denúncia em 07/12.
O recente vereador
eleito pela categoria da construção civil Cléber Rebelo (PSTU) na capital
paraense, Belém, integra a comissão e afirma ser injusta e totalmente desmedida
a prisão dos trabalhadores. “Essas prisões são totalmente irregulares. Os
problemas no interior dos canteiros são de cunho trabalhista. A verdade é que
dentro dos canteiros de obras os operários são superexplorados e mal
remunerados. Você já imaginou passar seis meses sem ver a família?”.
Essa prisão é
política. Não há nenhuma prova para mantê-los presos. O sindicato (SINTRAPAV),
que deveria ser da categoria, age como um bom agente dos patrões e abandonou os
trabalhadores presos, operários que pagam obrigatória e religiosamente esta
entidade e que, depois, ficam à própria sorte.
Para o diretor do
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário de Belém
(filiado a CSP-Conlutas), Francisco, conhecido como ZÉ Gotinha, o Consórcio
Belo Monte mostrou sua verdadeira face de inimigo dos trabalhadores. “Em nenhum
momento esteve na Delegacia ou no Centro de Triagem da SUSIPE buscando ouvir
seus funcionários presos que lhes serviram durante meses”, denuncia, dizendo
que os trabalhadores não mereceram do patrão nem a presunção da inocência.
“Pelo contrário, alguns foram demitidos e avisados através de telegrama, como
foi o caso do Raimundo Nonato, um dos presos, que foi demitido em 21/11, apesar
de encontrar-se encarcerado desde 12/11, o CCBM enviou correspondência para a
residência dele comunicando que sua rescisão estava à sua disposição, sem
“lembrar” que o funcionário ainda está preso”, lamenta.
Mais de dez
trabalhadores prestaram declaração confirmando a inocência dos cinco presos,
com exceção de dois depoimentos de dois encarregados ligados à administração
que fazem parte da acusação.
A Comissão ainda vai
ao Ministério Público conversar com o promotor responsável pelo caso sobre a
denúncia que deverá ser apresentada até o dia 14/12. Se o habeas corpus for
negado pelo desembargo, será reiterado o pedido de revogação de prisão
preventiva junto ao Juiz que está respondendo pela 3ª Vara de Altamira.
Na última
segunda-feira (10), uma manifestação exigiu a libertação dos presos em Altamira
e o julgamento de mais de cinquenta ações contra a construção de Belo Monte que
ainda não tiveram seu mérito apreciado. Em seguida, a comissão da CSP-Conlutas
visitou os operários na delegacia de Altamira.
Participaram da
manifestação: CSP – Conlutas – Central Sindical e Popular XVPS – Movimento
Xingu Vivo Para Sempre SDDH – Sociedade em Defesa dos Direitos Humanos-
SINTICMA – Sindicato dos Trabalhadores na industria da construção e madeira de
Altamira -OTL – Oficina Território Livre – CIMI – Conselho Indigenista
Missionário – SINTEPP – Sindicato dos trabalhadores em Educação Pública do Pará
-SINTSEP – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal – Movimento
Negro Altamira – PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado.
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